Entenda o que são soft-skills e conheça as habilidades mais buscadas pelo mercado de trabalho
Em busca de melhores vagas, profissionais devem desenvolver habilidades não técnicas para se destacarem no mercado de trabalho
O que, há alguns anos, eram apostas de consultores e especialistas em gestão de recursos humanos e de mercado vêm se tornando realidade em muitas organizações. Hoje, a inteligência artificial e a automação são responsáveis por agilizar e até resolver boa parte das atribuições profissionais de inúmeros cargos, entre produção, controle de qualidade, marketing e direção de processos, por exemplo. Para se destacar nesse cenário dominado pela tecnicidade e pela eficiência das máquinas, é fundamental oferecer alternativas à automatização, investindo em inteligência emocional.
Dessa necessidade, surgiu o termo soft-skills, que denomina o conjunto de habilidades não técnicas – ou para além da técnica – que se deseja em um profissional atual e futuramente. Essas habilidades não vêm como contraponto, mas como complemento às hard-skills, que são os conhecimentos profissionais adquiridos em cursos e treinamentos corporativos. Desenvolver essas habilidades e saber a hora certa para lançar mão de cada uma delas durante o dia a dia de uma empresa são diferenciais importantes, principalmente, na disputa por cargos mais elevados.
Entre aptidões sociais, mentais e emocionais, as qualidades mais esperadas pelos recrutadores estão a capacidade de liderança e a capacidade de trabalhar em equipe e de colaborar com colegas. Isso envolve facilidade de comunicação, empatia, flexibilidade, criatividade e inteligência emocional.
Embora sejam características pessoais e não adquiridas com capacitação técnica, ou seja, são traços da personalidade do indivíduo, que remontam à criação, à educação, à cultura e às experiências, as soft-skills são competências que podem ser trabalhadas e fortalecidas na vida adulta. Para isso, é preciso exercitar esses comportamentos, fortalecendo a inteligência emocional.
Essas habilidades são desejadas pelas empresas e pelo mercado de trabalho porque agem diretamente no foco do profissional, na motivação e no engajamento da equipe e, consequentemente, trazem mais produtividade e bons resultados.
O que o mercado espera do profissional do futuro?
Segundo o instituto de transformação digital Capgemini, em uma pesquisa realizada com 1.250 executivos em 2017, 60% das empresas estão em crise com seus colaboradores e, entre as soft-skills mais desejadas pelos executivos, estão:
●a capacidade de se dedicar ao cliente e manter o foco no atendimento (65%);
●a capacidade de cooperar com a equipe e colaborar com a rotina da empresa (64%);
●a vontade de aprender e de buscar novos conhecimentos (64%);
●conhecimento organizacional e habilidade para entender todas as etapas dos processos de gestão (61%).
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) destaca as seguintes características que fazem a diferença nos melhores profissionais:
1 – Boa comunicação e empatia
Saber passar uma mensagem e estar disposto a compreender o que é falado é fundamental para que todos os envolvidos em uma tarefa tenham clareza do que deve ser feito e evitar mal entendidos. Ruídos de comunicação, mensagens fragmentadas ou outras falhas podem significar retrabalho, tempo perdido e desgaste físico e emocional.
Para que a comunicação seja efetiva, um bom profissional deve ter empatia e perceber o outro como parte determinante do processo, assim, é mais fácil adotar uma postura mais maneira acessível, adequando sua fala de modo a facilitar a compreensão dos demais e sem dar margem para equívocos.
— Empatia é uma das palavras-chave entre as características profissionais desejadas pelas empresas, pois, muitas vezes, a resolução de um problema está relacionada a iniciativas criativas a partir dos insights gerados pelo usuário final. Estes insights acontecem principalmente na fase da empatia, que pode ser exercitada através da tríade que envolve o ouvir (através da entrevista), o sentir (vivendo o que o outro vive) e o observar (que é praticar o olhar empático) — afirma Ana Ligia Finamor coordenadora acadêmica e professora da FGV Management.
2 – Adaptação, criatividade e colaboração fazem um bom trabalho em equipe
No entanto, vale lembrar que capacidade de adaptação não é sinônimo de falta de personalidade, e aí entra a inteligência emocional, com a habilidade de “dosar” as suas características pessoais e profissionais e de colocá-las, comunicá-las à equipe ao mesmo tempo em que se coloca numa postura aberta, e a habilidade de ser flexível e resiliente quando necessário e de buscar alternativas criativas para solucionar as questões.
— Ter capacidade de bolar estratégia de inovação e cocriação é útil para repensar qualquer situação, resolver qualquer desafio, gerando engajamento instantaneamente, já que as soluções são elaboradas em colaboração — afirma a professora Ana Ligia.
3 – Competência para trabalhar sob pressão e manter o equilíbrio emocional
O papel de um bom gestor é estimular as soft-skills
Reconhecer habilidades e estimular o desenvolvimento das qualidades individuais é uma tarefa de CEOs e gestores, que devem ter o cuidado de mesclar profissionais com características diferentes na hora de montar equipes de trabalho, pois, em grupos heterogêneos, as qualidades de um profissional tendem a complementar os pontos fracos de outro, enriquecendo a experiência e favorecendo a busca por soluções. Em grupos mais diversificados, é possível, ainda, identificar funcionários mais engajados e comprometidos, o que faz a diferença em processos seletivos.
— Times multidisciplinares oferecem respostas mais significativas, devido à alternância de pensamento analítico e intuitivo. Durante um trabalho em equipe, alternam-se momentos de divergência de ideias, nos quais nos abrimos para a exploração de informações do cliente e de soluções possíveis, e momentos de convergência, em que temos que escolher onde focar e qual ideia será colocada em prática. Essa representação nos ajuda a melhorar o desenvolvimento de ideias dentro das empresas e nos dá uma visão mais clara sobre o que é desejável, possível e viável. Além, é claro, de valorizar e estimular o que cada perfil de pessoa tem de melhor, os intuitivos e os analíticos. Estes perfis trabalham juntos, se ajudam e aprendem uns com os outros — pontua Ana Ligia Finamor.
Uma das maneiras de desenvolver as soft-skills é por meio de cursos de pós-graduação, que preparam profissionais para assumir novos patamares na carreira, aprimorando conhecimentos tanto de hard-skills quanto de soft-skills. Uma pós-graduação ou MBA é capaz de impulsionar o desenvolvimento pessoal, aprimorando tanto as habilidades de resolver problemas quanto o conhecimento prático de situações reais, além de fornecer atualização profissional.
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